30.6.07

- O que poderia ter eu para te dizer, ó Venerável? Talvez dizer-te que procuras demasiado? Que enquanto procurares nunca conseguirás encontrar?
- Como assim? – perguntou Govinda.
- Quando alguém procura – respondeu Siddharta – pode acontecer que os seus olhos vejam apenas a coisa que procura, que não permitam que ele a encontre porque ele pensa sempre e apenas naquilo que procura, porque ele tem um objectivo, porque está possuído por esse objectivo. Procurar significa ter um objectivo. Mas encontrar significa ser livre, manter-se aberto, não ter objectivos. Tu, Venerável, és talvez um homem à procura, pois, perseguindo o teu objectivo, muitas vezes não vês aquilo que está perante os teus olhos.
- Ainda não te compreendo perfeitamente – disse Govinda; o que queres dizer com isso?

(Hermann Hesse, Siddharta; trad.d De Pedro Miguel Dias)

28.6.07

Vésper, que reúnes tudo quanto a aurora brilhante dispersou:
trazes a ovelha, trazes a cabra, trazes à mãe o filhinho.

Safo (frag. 104 Lobel-Page) - Trad. de Maria Helena Rocha Pereira, Hélade

26.6.07

Vivaldi

(foto de zef)

23.6.07

Da espera

Se não esperar, não encontrará o inesperado, sendo não encontrável e inacessível.
(Heraclito, Fragmento 18 Diels)


Para que se saiba:
Hoje vi:
http://nasciaqui-sobraldesaomiguel.blogspot.com/

Ide ver, porque, entre as primeiras letras, os ninhos e os protestos, aparecem nomes bonitos e antigos. Então aquela cabra Mialva e o zaburro!...

14.6.07

Deus contempla em silêncio
As folhas que caem das árvores
E as folhas que permanecem nos galhos,

E vê que elas o fazem como deve ser.
Enquanto isso, os anjos se ocupam
De outros detalhes, menos difíceis,
Do mundo de Deus.

(Jaime Ovalle - Tradução de Manuel Bandeira)

11.6.07

Delas já sabemos


(fotografias de ontem, de pouca habilidade, mas com muito cuidado)

As andorinhas do ano passado vieram.
Conheceram a casa.
Delas já sabemos!

7.6.07

Se fosse Deus, pintava um quadro:
uma porta meio aberta e a escadaria suave;
no cimo, a minha mãe.
E arranjava maneira de o sorriso dela estar a dizer:
a porta está como a deixaste e
sei que me levaste os olhos.

Não dava nome ao quadro e
todos iam entender que era o retrato do céu.