16.3.11


Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
(Ricardo Reis)

Sentemo-nos na mesa de madeira, feita à tarde,
virada à aurora.

Enlaça os dedos,
as rosas frescas que restam;
e os olhos vejam o mesmo sol.

Procuremo-nos as mãos,
ternura dividida,
espanto de criança no mar infinito;
sentemo-nos silenciosamente.

Dos dedos fluam os rios até ao mar,
e tarde o inverno;
fiquem-nos estas rosas,
bocas roxas de vinho.

Enlacemo-nos. Silêncio.
O outono seja ainda nosso,
sentados ao pé um do outro.

O dia ainda vai nítido,
aurora cor-de-rosa.



6 comentários:

Amélia disse...

Boa fonte de inspiração - boa paráfrase...Beijo

Soledade disse...

Um belo e delicado poema, com imagens frescas entrelaçadas no epicurismo contido de Reis. Pasárgada recomenda-se, não é assim? :)

zef disse...

Amélia e Soledade, as vossas palavras serenaram-me, verdade.
E Pasárgada recomenda-se, também verdade.
Beijos

rendadebilros disse...

... em outonos macios, chega enfim a primavera... HOje com muitos mimos dos filhos, acho eu... Abraço.

Anónimo disse...

Encontro de Poesia(s). Que tranquilidade...

Um Abraço, Zef!

alece

zef disse...

E foi mesmo assim, Renda. Foi cheiro de filhos e de filhos de filhos, boa primavera.

De poesia quase toda, Alece.
(Caramba, estou lamechas ultra-romântico…)

Abraço-vos