11.11.11

OS AMIGOS

Esses estranhos que nós amamos
e nos amam
olhamos para eles e são sempre
adolescentes, assustados e sós
sem nenhum sentido prático
sem grande noção da ameaça ou da renúncia
que sobre a luz incide
descuidados e intensos nos seus exagero
de temporalidade pura

Um dia acordamos tristes da sua tristeza
pois o fortuito significado dos campos
explica por outras palavras
aquilo que tornava os olhos incomparáveis

Mas a impressão maior é a da alegria
de uma maneira que nem se consegue
e por isso ténue, misteriosa:
talvez seja assim todo o amor

José Tolentino Mendonça; De Igual para Igual; Assírio & Alvim

2 comentários:

Anónimo disse...

Gosto muito deste poema do Tolentino, aliás surpreende-me gostar de muita coisa que ele escreve, poesia e não só mas é um facto...
Olá gente daí, agasalhos e um bom lume já fazem parte do final do dia?
Prontinhos para o sono...que juntinhos vos saiba bem.
ana assunção

zef disse...

Também gosto; de algumas sei porquê; doutras não sei bem.
O lume está bom e é bom companheiro...