27.3.14

A horta de meu pai

Ele ampara a altura
de incontáveis plantas e rebentos
estende a cal, espera a floração
em sítios desabrigados
pergunta-se: este caminho tem coração?

quando reparo na horta desde o terreiro da casa
não me parece que esteja ali,
mas em qualquer passagem inacessível
na fronteira avançada
que me arrasta para uma verdade

as groselheiras pendem dos muros
a tudo o sol concede a exacta porção

José Tolentino Mendonça; Estação Central - Assírio & Alvim, Setembro de 2012

2 comentários:

Karine Tavares disse...

Parabéns pelo teu blog!
Vem conhecer o meu:

feitaparailetrados.blogspot.com

zef disse...

Obrigado, Karine, pela visita e convite. Serei visita.