Era quinta-feira, quente. Chegou-me a nostalgia de quando,
em férias, passeava no adro da igreja da minha aldeia cheia de tílias. Fui para
lá.
Havia certa frescura e passava um rumor sereno. Vinha da
igreja e parecia brisa da montanha.
Na igreja estavam pessoas a rezar. Ouvi: - mistérios
luminosos.
Deixei-me ficar e vi-me, rapaz novo, a ler o “Cântico dos
Cânticos”, o dos mistérios luminosos gozosos gloriosos, luminosos como o nardo
da rainha de Sabá sereno como o voo das abelhas.
Lindo como as abelhas a rezar entre as tílias. Mistério de
luz.
Colmeal, 28, Junho, 2023