A mulher descansa a meio da manhã,
Deus a respirar no terceiro dia,
o das ervas verdes com sua semente,
e das árvores sem malícia.
Sentada no campo, governa o dia,
que a noite e seu exército ainda tarda.
Dentro do dia é assim a mulher,
semente de árvores não perversas,
que o ventre da luz não é do bem nem do mal
nem conhece os abismos da noite.
A mulher guarda as manhãs dentro da luz.
27.3.11
"Houve uma tarde e uma manhã:foi o terceiro dia"(Génesis, I,13)
"Guarda a manhã
Tudo o mais se pode tresmalhar"
(Daniel Faria, Explicação das Árvores e Outros Animais)
22.3.11
16.3.11
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
(Ricardo Reis)
Sentemo-nos na mesa de madeira, feita à tarde,
virada à aurora.
Enlaça os dedos,
as rosas frescas que restam;
e os olhos vejam o mesmo sol.
Procuremo-nos as mãos,
ternura dividida,
espanto de criança no mar infinito;
sentemo-nos silenciosamente.
Dos dedos fluam os rios até ao mar,
e tarde o inverno;
fiquem-nos estas rosas,
bocas roxas de vinho.
Enlacemo-nos. Silêncio.
O outono seja ainda nosso,
sentados ao pé um do outro.
O dia ainda vai nítido,
aurora cor-de-rosa.
12.3.11
Secas, bailam folhas sobre a relva e
o lençol tranquilo da geada
é uma canção do outono.
Integral, a noite:
no vento
no frio
no luar pacificado.
Aires Montenegro; Oferenda Oriental - Palimage - Coimbra, 2011
o lençol tranquilo da geada
é uma canção do outono.
Integral, a noite:
no vento
no frio
no luar pacificado.
Aires Montenegro; Oferenda Oriental - Palimage - Coimbra, 2011
Ontem, estive na apresentação de poesia do meu amigo Aires Montenegro - o Aires tem um blogue: http://apedraqueurra.blogspot.com/
Oferenda Oriental é poesia fio d’água, flores de pessegueiro, paz procurada.
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