Hoje sentei-me a olhar o quintal.
Passa um vento benigno a pentear as margaças.
Vem dos montes, traz luzes antigas, banhos de sol. Apesar de tudo.
Colmeal da Torre, 25 de Abril de 2014
27.4.14
20.4.14
As Flores
Era preciso agradecer às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
De uma manhã futura.
Sophia de Mello Breyner Andresen; No Tempo Dividido
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
De uma manhã futura.
Sophia de Mello Breyner Andresen; No Tempo Dividido
18.4.14
Pietà (Escultor José Rodrigues) - Catedral Bragança-Miranda
Agora completou-se o meu sofrimento
e inominavelmente
dele estou repleta. Fico imóvel
como o interior
da pedra fica imóvel.
Dura como estou, uma coisa apenas
sei na minha dor:
Tu cresceste
e cresceste,
para te elevares
como dor desmedida
muito para lá da medida do meu
coração.
Agora jazes atravessado no meu
colo,
agora já não Te posso
dar à luz.
Rainer Maria Rilke; A Vida de Maria - Trad. e Pref. de Maria Teresa Dias Furtado; Portugália Editora, 2008.
10.4.14
Se tudo ao menos uma vez se calasse
Rilke; O Livro de Horas - Livro Primeiro, O Livro da Vida Monástica; trad. de Paulo Quintela
É bom haver coisas a que já não queremos dar o nome. Ou que não têm nome. Sabemo-las e não precisam ser chamadas, como as flores e as cores se conhecem.
O acidental não tem modos, anda por aqui e por ali; se não lhe damos um nome, não sabemos chamá-lo ou repeli-lo. E ele é tanto luminoso como obscuro.
Não seja preciso dizer meu amor; amo-te, também não.
Desenhe-se por dentro das pálpebras a luz e a sombra, como, pequeninos, escrevíamos os dedos e as mãos da mãe e sorríamos.
O essencial é como as fontes, conhecemo-las e vemo-nos nelas. São a luz e a frescura.
Não é preciso nomeá-lo.
Rilke; O Livro de Horas - Livro Primeiro, O Livro da Vida Monástica; trad. de Paulo Quintela
É bom haver coisas a que já não queremos dar o nome. Ou que não têm nome. Sabemo-las e não precisam ser chamadas, como as flores e as cores se conhecem.
O acidental não tem modos, anda por aqui e por ali; se não lhe damos um nome, não sabemos chamá-lo ou repeli-lo. E ele é tanto luminoso como obscuro.
Não seja preciso dizer meu amor; amo-te, também não.
Desenhe-se por dentro das pálpebras a luz e a sombra, como, pequeninos, escrevíamos os dedos e as mãos da mãe e sorríamos.
O essencial é como as fontes, conhecemo-las e vemo-nos nelas. São a luz e a frescura.
Não é preciso nomeá-lo.
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