1.
O velho vai todos os dias à meia encosta da colina e deixa que o coração repouse.
Sabe que precisa da força para mais alguns passos:
quem espera há-de chegar com o esforço de quem sobe
ou a ligeireza de quem desce,
e ele precisa da distância para olhar
e poder dizer
olha como sabe bem sabermos caminhar um para o outro.
2.
A espera é um menino a respirar.
31.7.09
20.7.09
Parábola do Pensador
Amor, nos brilhantes
espelhos dos teus olhos,
no escuro, voltei a
vê-lo: vi ali
o grande e anguloso
pássaro que da tua alegria se sustenta,
tal como nas montanhas se sustenta
da mágoa o pensador.
(Robert Bringhurst - A Beleza das Armas - Tradução de Júlio Henriques; Ed. bilingue, Antígona, Lisboa, 1994)
espelhos dos teus olhos,
no escuro, voltei a
vê-lo: vi ali
o grande e anguloso
pássaro que da tua alegria se sustenta,
tal como nas montanhas se sustenta
da mágoa o pensador.
(Robert Bringhurst - A Beleza das Armas - Tradução de Júlio Henriques; Ed. bilingue, Antígona, Lisboa, 1994)
16.7.09
Não penses a casa arrumada.
Lembra-te de como ficou quando saíste.
Lençóis engelhados
uma peça de roupa aqui
outra ali.
Sabes quais são.
O sítio, olha,
não te esforces,
foram sempre muitos,
mas
a mesa está posta.
A toalha branca,
talheres do costume
e nos sítios que sabes.
A árvore está ali
e guarda o nome que lhe demos,
o último.
Pensa nisto.
Arrumamos desarrumamos a casa
nascemos outra vez
e acrescentamos um bocadinho o verão.
13.7.09
Gostei disto. Da devoção e dos seus dizeres.
O aloquete não me pareceu ser coisa genuína e de quem tem fé.
As flores são de plástico, mas paciência. Tanta como a que pedem os caminhos da Serra entre Videmonte e a Senhora de Assedasse.
Hei-de voltar e levo-Lhe o cacho de uvas mais doces. Já estão a crescer no quintal e são para aquela Senhora: ninguém lhes vai tocar. Só Ela.
1.7.09
Bilhete aos filhos com as palavras de adormecer
A pétala azul soltou-se no vento
voou foi voando aos círculos aos círculos
a andorinha bicou-a
sei um ninho
e é azul
Há palavras também azuis
doidas como os sonhos.
Sorriem-nos à noite
e dormem connosco
sonhos sábios
Ao primeiro sol,
vão indo, vão indo,
olhando de lado
a dizer o caminho do mar.
Os olhos do mar são azuis.
Como eram os vossos sonhos.
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