25.5.09

Corremos na areia
e ficas sempre para trás!

Outro modo de te ver
alga água e
lume

22.5.09

Em lembrança

Alguns permaneceram – e permanecem – católicos. Quase todos deixaram de o ser. Alguns tiveram ainda posições de relevo, como leigos, na Igreja Católica. Quase todos ficaram nas margens d'Ela. “Na expectativa” (en úpomoné, palavra grega donde o termo vem) como um dia disse estar Simone Weil, cujo luminoso ascetismo também tanto nos marcou? Não posso falar por outros. Falo apenas por mim. Agora que tanto narrei, revejo aquele de nós que mais cedo caiu – Cristovam Pavia, que se atirou para debaixo de um comboio em 1968, aos 33 anos – e releio um poema dele. Acabo como comecei com versos. E são estes:

Voltarei à penumbra fresca da igreja
Ancestral, silenciosíssima e vazia,
Aonde está pousado o teu altar:
Doce mãe Maria...
E ajoelhar-me-ei,
E fecharei os olhos sem pensar...
Que a minha oração nada mais seja!
Basta descansar.

Apetece-me pensar que um dia será assim.

(João Bénard da Costa; Nós, os vencidos do catolicismo – Edições Tenacitas – É assim que se acaba o livro - O poema tem o título A Nossa Senhora e é do livro 35 Poemas)

9.5.09

Sol de Maio
cerejas no teu peito

Vem daí

2.5.09

Estou sentado à tua porta
dou-te os bons dias todas as tardes

Vais ficar de guarda à casa
e diremos bom dia um ao outro

Nunca digas
nesta casa não entrarei

Sentas-te à minha porta
e o quintal é cor do céu

À minha porta não há lama
ficaste lá e o teu cheiro
tu és a minha Sulamita

às vezes dói o pôr do sol.