Os pequenos pormenores da casa:
o fio abandonado no tapete,
o fósforo no chão,
a cinza,
que no ladrilho põe sua frágil contextura,
a unha recortada do menino
ao lado do sapato,
dão prazer aos olhos que, alheados,
coleccionam imagens de objectos inúteis.
Ama-se mais a mãe por esse fio,
e recorda-se o pai
pelo fósforo e a cinza
e o menino pela unha e o sapato.
Os pequenos objectos que se varrem,
que já ninguém apanha,
sumamente importantes, recordam-nos
os pequenos desgostos quotidianos
e os pobres prazeres, tão pequenos.
(Ángel Crespo - Em: A Realidade Inteira, Poemas escolhidos (1949-1990)
- Selecção e tradução de José Bento - Teorema)
22.8.09
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4 comentários:
Um belo poema,Zef.Beijo
Ora aqui está um texto que é uma pequena preciosidade.
Obrigada e beijos por aí
ana assunção
Beijos, Amélia e Ana e mais gente amiga, e abraços também.
Até breve.
o anoni tirou-me as palavras da boca.
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