Quando partires de regresso a Ítaca,
deves orar por uma viagem longa
(Cavafy; trad. de Jorge de Sena)
Não fui de aventuras longas,
mas amei os caminhos até ao mar.
Os montes olhei-os
a ler os segredos das nuvens.
Do respigo nos campos de Booz
só pedi pão na medida exacta.
Das pessoas vi a graça
e sorri-lhes desprendido.
Merquei as pérolas que desejei,
por saber querer só o que quero.
Os perfumes rodearam-me,
e colhi os que o corpo desejou.
Destinei destino esplêndido
qualquer mar e seu infinito,
como me aceitei hóspede bem recebido
no monte e a montanha que seguia.
Passageiro com destino,
marco os passos sem pressas,
que o fim da viagem é o que se caminha
e não a meta que se passa.
Meditei na água de muitas chuvas,
percebi da sede a causa e o remédio,
e, por serem "muitas as manhãs de Verão",
às vezes sento-me na festa do céu azul.
31.12.10
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7 comentários:
Abraço, Zef!
alece
Poesia sábia e cheia de ternura, como deve ser...
Uns beijinhos que são os primeiros de 2011 para vós.
ana assunção
Obrigado, Alece e Ana/Anita.
Beijos
Uma "viagem" muito bela para terminar um ano e começar outro. continuando a viagem...
Grande abraço.
...e com muitas paragens nos caminhos!
Um abraço, Renda
Deixar em casa as palavras conhecidas
Subir uma escarpa ou descansar, se apetece
Permitir um dia sem rugas
Belíssimo, o seu texto; e um prazer continuado, este viajar por aqui.
Um abraço, neste tempo
Obrigado, Rui.
Aqui, muito baixinho: fico contente por viajar por aqui.
Umabraço
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