À ROMÃZEIRA QUE ESTÁ A SECAR
Todos os diálogos acabam no silêncio,
mesmo o murmúrio entre dedos e folhas,
quando o avesso da mão roça
a grande Natureza manifesta na árvore.
Era uma romãzeira em flor e fruto,
segura do seu reverdecer, loquaz.
Aos periquitos, na larga capoeira defronte,
respondia com o júbilo da mudez.
Mas ante mim, que a cantava e canto,
ela deixa-se estar como está um surdo
junto de um cego trovador lírico,
até que ambas aceitemos o fim.
Fiama Hasse Pais
Brandão, "Obra Breve – Poesia Reunida"
(Cenas vivas – Os Louvores – Na Minha Quinta)
Assírio & Alvim, Maio 2006
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