10.2.22

 

Experimenta trepar até perto das nuvens brancas e quietas. Ao primeiro suor, senta-te no chão da encosta, no musgo. Bem sentado. Podes fechar os olhos um bocado; depois, vês melhor o céu e as nuvens companheiras de quem sabe saber-se olhado.

Tu, o resto de ti, abre os braços a respirar fôlegos largos, tranquilos, como dissesses: como é bom estarmos aqui, as nuvens sabem esperar e retardam o tempo, a noite passa ao lado; é bom saber-se esperado.

As nuvens sabem, mas não faças aí a tenda; pode amarrar-te ao vale dos teus olhos enquanto o olhar deseja aquilo que te prendeu - a poesia que anda entre as ervas e o céu que desenha no chão a vontade das nuvens, e também dentro de nós.

Bocados de música as nuvens brancas.

Retarda o tempo. É bom sabermos que somos olhados.

E esperados. A poesia que anda entre o chão e o céu. Das coisas pequenas aos ramos abundantes. Do respirar calmo ao êxtase

E saibas sentir: é bom estar aqui.

 

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