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Às vezes, ponho palavras num caderno.
São obra desajeitada, mas deram voltas como em oficina de ourives,
como as mãos frias antes de afagar as bochechas dos filhos:
arte de unir as palmas, entrelaçar os dedos,
as palavras e as mãos se aquecerem até a quentura ficar igual.
Junto as palavras como preparo as mãos.
A obra não será perfeita, mas espera merecer algum olhar,
como nos fazem as crianças.
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Às vezes, as palavras são lisas, latão frio.
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Mas, quando olhas para mim, vou ao tecto do mundo.
É da tua cara quente.
É da tua cara quente.
17 comentários:
Tão bonito, Zef!Já estava com saudades de o ler...Um feliz natal e melhor 2010 para si e para os seus.
Amélia, é um texto assimassim, o que certa morrinha (e uma aponta de luz...) ajudou a fazer...
Bom natal.
Beijos
Já lhe disse que devia pôr as palavras em vários cadernos, daqueles que se vendem?
Devia!
Um doce Natal, com o mundo como tecto.
Lis
Um Natal em paz...
Zef,
Morrinha... que se adivinha escorrer pelos dedos para o caderno.
Ah... como gostava de espreitar esse escaninho da alma!
Espero que tenhas tido um bom Natal, e que o novo ano te traga tudo de bom... mesmo!!!
FELIZ ANO NOVO, Zef!
Um beijo
Lis, obrigado.
Vou pondo aqui. Sei que meia dúzia de pessoas amigas gostam e fico contente assim, quase no tecto...
Beijos
Tsiwari, atrasado quase um ano, eu, claro, obrigado.
Para ti, a tranquilidade de todos os dias.
Meg, obrigado.
O natal foi o que devia ser. Esperemos que, a seguir, venha o que deve vir...e fiquemos contentes.
Fiques também contente.
Beijos
que beleza de poema! que bom ter encontrado esse porto...
feliz Ano Novo!
Que esses olhos o guardem e protejam, ja que varias obras fazem e esta aqui nao e assim tao desajeitada... como e o tecto do mundo, Zef?
:)
Beijos para ai para si e para a Piedade e um bom ano.
ana assunçao
(favor imaginar os acentos no devido lugar...)
Obrigado, Batista. Sinta-se bem.
Bom ano também para si.
Ana, Beijos daqui.
Que bons olhos a guardem também.
Os acentos não fazem grande falta; haja é, de vez em quando, um bom acento donde se veja o tecto do mundo, que é uma coisa assim: fecham-se os olhos devagaaar, esvazia-se o peito e...(experimentei algumas vezes...)
Tarde no tempo, por uma boa, querida e santa causa ( estive a aquecer as mãos nas bochechas da família...) aqui chego e me maravilho e acxalmo.
«Às vezes, as palavras são lisas, latão frio. » mas depois, bem forjadas, tornam-se jóias de latão com palavras incrustadas.. Que continue assim pelo ano que vem!
Abraços.
muita inspiração por altura das festas!... eu fiquei sem ela, mas cheia de gente feliz...
Abraço.
Fernanda, que as mãos vos fiquem sempre quentes.
Um abraço
Renda, quando se está cheio de gente assim, não se notam certas faltas...
Um abraço
Ó AnaAnita, qualquer coisa me trouxe aqui outra vez e vi: não é um bom acento, mas um assento, dos bons, dos que nos conhecem; os outros levam-nos perto...
Fica a correcção necessária.
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