8.6.10
Sente-se na minha frente.
Isso, um bocadinho de lado,
é melhor assim.
O perfil da boca fala melhor que os olhos.
Os olhos são muito sabidos,
olham e sabem-se olhados,
conhecem a arte de fingir.
A fissura dos lábios é de nervo rijo,
ri ou chora quando precisa,
não quando deve.
Olhos nos olhos é uma treta;
conhecem a conveniência do momento;
assaltam-se ou afastam-se
não se vê se por gosto se a contra-gosto.
É preciso saber muito para entender os olhos nos olhos.
Sou ignorante. Também tenho medo.
Assim, já está bem.
Estou a ver.
Vou guardar a imagem na pele.
Agora
sento-me eu,
também de lado.
Pode olhar.
Veja como é firme
a fissura dos lábios.
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8 comentários:
Um poema cheio de subtilezas.Gostei
Aos poucos...
vim ler-te, ver-te com os olhos das palavras, das letras, da saudade e da amizade.
Beijos, Zef!
a expressividade de cada do olhar, dos lábios... cada expressão, um mistério!!! ... nem sempre as sabemos ler...
Abraço.
Aceito, Amélia...
Beijos
Meg, que resumo!
:)
Um beijo
Olá, Renda.
E vivam os mistérios...
Dois abraços :)
Não se pode dizer sempre tudo...e a descoberta?
Abraço.
Boa noite, Renda.
Não dizer tudo alimenta a espera...
"Como o compreendo"...
Vou ficar mais atenta à fissura dos lábios!
ana assunção
Olhe que vale a pena, Ana!
Olhar assim dá para imaginar mais...
Beijos
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