(...)
E no entanto nenhuma pessoa, e nenhuma cultura, é melhor que a outra, e também os Brancos têm muito a aprender com os Negros, digo. Por exemplo, os Negros nunca batem nos filhos, trazem-nos junto a si, falam com eles, atravessam juntos o desenrolar das coisas, e as crianças aprendem que há um tempo de trabalho e um tempo de repouso, um tempo de dança e um tempo de sono, há o lugar da vida e o da morte, o da alegria e o da tristeza, o lugar dos humanos e daquilo que é superior a nós e nos ultrapassa.
Uma parte do que colhemos é oferecida aos espíritos, porque não somos donos da natureza, mas apenas seus habitantes. Oferecemos sementes, ou farinha, para mostrar que conhecemos os limites e sabemos que a natureza é maior que nós. Uma parte, por isso, volta a ela, sem ousarmos tocar-lhe.
(...)
Basta-nos no fundo muito pouco, porque somos também pouco: matar a fome, a sede e o desejo de sexo, a esteira para dormir e o coração em paz.
- Teolinda Gersão; A Árvore das Palavras
22.2.13
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