10.4.14

Se tudo ao  menos uma vez se calasse
Rilke; O Livro de Horas - Livro Primeiro, O Livro da Vida Monástica; trad. de Paulo Quintela

É bom haver coisas a que já não queremos dar o nome. Ou que não têm nome. Sabemo-las e não precisam ser chamadas, como as flores e as cores se conhecem.

O acidental não tem modos, anda por aqui e por ali; se não lhe damos um nome, não sabemos chamá-lo ou repeli-lo. E ele é tanto luminoso como obscuro.

Não seja preciso dizer meu amor; amo-te, também não.
Desenhe-se por dentro das pálpebras a luz e a sombra, como, pequeninos, escrevíamos os dedos e as mãos da mãe e sorríamos.

O essencial é como as fontes, conhecemo-las e vemo-nos nelas. São a luz e a frescura.
Não é preciso nomeá-lo.

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