De criança sempre gostei de canas
e roubava-as do rio
ainda verdes.
Deixava-as depois estendidas ao sol durante todo o verão
e recolhia-as, ligeiras,
como o sussurro dos mosquitos.
Quando no inverno
os ossos estalavam de frio
e os gatos tossiam sobre o damasqueiro
corria até ao sótão
e metia as mãos no meio das canas quentes
ainda com todo aquele sol em cima.
Tonino Guerra, O Mel; traduçao de Mário Rui de Oliveira; Assírio & Alvim, 2004
16.3.13
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5 comentários:
É lindíssimo, como todo o Mel!
Bonito e recorda-me a infância boa, embora não ande de boas relações com o passado..Mas, perante tão quentes sensações, quem ficará indiferente?
http://www.flickr.com/photos/56541100@N00/8566128625/in/contacts/
Envio o link porque lembrei-me do Zeferino. Abraço,
Bruno Novo
Verdade, Soledade e Fernanda; e Tonino Guerra tem andado comigo.
Abraços
Viva, Bruno! É bom que haja coisas que que fazem lembrar algum :)
Um abraço
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