Em pequenito de escola, escondi debaixo do jornal que forrava a gaveta da cómoda um papel:
“…, gosto dos teus olhos e da maneira como andas” .
O papel não lhe chegou aos olhos (…a minha irmã mais velha ainda hoje diz que não foi ela – lá em casa dizia-se que eu ia para padre…) e deve ter sido bom.
Uma vez, olhei-a muito e disse-lhe pareces uma cigana.
Já sabia que não era só pelos olhos: era linda a andar e não soube dizer-lho.
Ela zangou-se e comecei a dar-me conta de que olhava para todos da mesma maneira.
5 comentários:
A beleza e a magia estavam precisamente na maneira como o meu amigo olhava para ela... mas essas subtilezas nem sempre se chegam a compreender... e há pessoas que nos marcam e nem dão por nada...
Grande abraço
Dois comentários:
1.º - "Em pequenino de escola..." - é bom ler isto escrito assim, faz-me lembrar Bernardim Ribeiro... (e eu que tanto gosto de escrever desta maneira!)
2.º-Esta nossa sina: todos queriam ter um padre na família!
Mas talvez não andasse ante os outros da mesma maneira. Há coisas que nunca saberemos.
Um abraço
:)
o que importa mesmo é que era linda a andar...
e que o Zef se lembre!
beijinho(s)
ana assunção
Renda e Lis, se soubéssemos sempre dizer o que, de certo modo, já foi percebido...Não sei, mas podiam acontecer certas desgraças: há coisas que só os ouvidos certos devem ouvir...
Beijos
Aires, também me levaram de casa de meu pai para longes terras: qual fosse então a causa daquela minha levada...soube-a mas inda não a havia percebido...Mas, cuidando comigo, camanha é agora a ledice camanhas foram entonces as dores...
Abraço
Ana, é verdade, as luzinhas da madrugada dão mais luz ao sol que já se põe...
Beijos
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