30.12.07

Os Amigos

(Klimt)

Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,

a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria –
por mais amarga.

(Eugénio de Andrade)



4 comentários:

Amélia disse...

Coirrijo e mantenho o 1º verso:Os amigos amo...E repito com Ezra Pound:«Amo...ergo sum e precisamente nessa proporção»

estou aqwui - dou-lhe os bons dias e dos desejos de Bom ano novo para todos, e, em especial, para a doce Maria...

Anónimo disse...

O Eugénio nem sempre é luminoso. Partilhar a sede de alegria, tanta sede, e tantas vezes insaciada, que amarga. Mas não desistimos da busca, pois não? Na floresta, onde os meninos dos contos de fadas (que no fundo somos todos), se perdem e se encontram.
Um bom ano Zef. E saudades a todos.

Anónimo disse...

Pois não, Soledade... "só querer partilhar a sede de alegria por mais amarga", inquieta-me : faz um arrepio - será solidão desesperada, ou a tal eterna (e desesperada...) busca na floresta de enganos de que a Soledade fala ?
Beijos amigos e um bom ano para os três.

zef disse...

Boas noites, Amélia.
Também era capaz de alterar o tempo verbal, mas…
Seduz-me aqui o despojamento amargo mas também doce e faz-me lembrar Séneca.
Vou dar os bons dias à doce Maria que vai sorrir…
Beijos

Soledade, bem verbalizada a intenção…
Estou a olhar a floresta e a dizer não desistimos, não senhora; um dia o bosque vai florir como lhe compete...
Saudades nossas também (por aqui está chuva desgraçada!).

Fernanda, mas são as ausências que nos podem pôr a dizer mais vezes “Quando fui tomado pelo doce começar duma doçura tão docemente doce…”, como em Ronsard.
Beijos