Ir-me-ei embora. E ficarão os pássaros
Cantando.
E ficará o meu jardim com sua árvore verde
E o seu poço branco.
Todas as tardes o céu será azul e plácido,
E tocarão, como esta tarde estão tocando,
Os sinos do campanário.
Morrerão os que me amaram
E a aldeia se renovará todos os anos.
E longe do bulício distinto, surdo, raro
Do domingo acabado,
Da diligência das cinco, das sestas do banho,
No recanto secreto do meu jardim florido e caiado
Meu espírito de hoje errará nostálgico...
E ir-me-ei embora, e serei outro, sem lar, sem árvore
Verde, sem poço branco,
Sem céu azul e plácido...
E os pássaros ficarão cantando.
(Juan Ramón Jiménez - Trad. de Manuel Bandeira)
22.1.08
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6 comentários:
Queres blogar comigo? Eu quero blogar contigo.
Bjos
E continuam as vidas... contrariamente ao que muitas vezes pensamos não somos, afinal, a razão maior da existência do Universo e arredores.
Zef,
Fiquei presa numa palavra deste poema... plácido.
Há quanto tempo...porque gosto de palavras, esta e outras me surpreenderam, talvez porque este
poema me fez recuar a ambientes como este... Incrível!
Um abraço
Eu bem digo que anda nostálgico o meu amigo!!!
Bom fim de semana.
Blogaremos, é evidente; se não fosse por mais nada, haveria de ser por causa da terra, do sol, do vento, do mar...
Ainda bem Tsiwari; seria a desgraça se o fôssemos...
Um abraço.
Meg, "plácido" encerra o que é sereno e que agrada, duas coisas numa só. É por isso?
Abraços.
Sim, Renda. E quem nunca estiver assim atire a primeira pedra...
Um abraço.
Um abraço.
Caro Zef,
Claro que é isso mesmo!
É que hoje é tão rara a sua utlilização... e a nossa língua é tão rica!
Tenho saudades de muitas palavras,
porque o vocabulário está cada vez mais pobre!
Um abraço
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