30.4.07

CANÇÃO TONTA

Mamã.
Eu quero ser de prata.

Filho,
terás muito frio.

Mamã.
Eu quero ser de água.

Filho,
terás muito frio.

Mamã.
Borda-me em tua almofada.

Está bem!
Agora mesmo!

(Federico García Lorca, trad. de José Bento)

16 comentários:

rendadebilros disse...

Ler esta doçura e lembrar-se uma pessoa do que aconteceu ao autor...

Anónimo disse...

...é, renda, (re)aconchegou-se demasiado cedo na almofada da Mãe ( e barbaramente, também). Mas não calaram sua voz, felizmente; podemos sempre ler coisas belas como esta e outras que nos deixou. Um beijo ao Zef por se ter lembrado...

Anónimo disse...

Olá, Companheiro:
Fala-me de Lorca, o Andaluz, e eu encontrei este da Rosalia, a Galega...em épocas diferentes, tiveram ideais comuns.
Vai em galego que apesar de ser uma forma especial de o sentir português, ouso cometer o sacrilégio de o traduzir esperando o perdão de todos por não querer ultrajar a sua memória:

"Algúns din ¡miña terra!
din outros ¡meu cariño!
i este, ¡miñas lembranzas!
i aquel, ¡ou meus amigos!
Todos sospiran, todos,
por algún ben perdido.
Eu só non digo nada,
eu só nunca sospiro,
que o meu corpo de terra
i o meu cansado esprito,
adondequer que eu vaia
...............vai comigo"


"Alguns dizem - minha terr!
dizem outros - meu carinho!
e este, - minhas recordações!
e aquele, - meus amigos!
Todos suspiram, todos
por algume bem perdido.
Eu só não digo nada,
eu só nunca suspiro.
que o meu corpo de terra
e o meu cansado espírito,
onde quer que eu vá
...........vai comigo."

Aquele abraço do
Cruzeiro

zef disse...

Renda, os assassinos gostam da morte!
Um abraço

zef disse...

Fernanda, (re)aconchegou-se muito cedo, mas põe-nos a dizer:
Por teu amor dói-me o ar,
o coração
e o chapéu.

Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramos.
....

Beijos

zef disse...

Olá, companheiro, é bom trazer aqui Rosalía. "O rosto moreno e melancólico de Rosalía confundia-se com o rosto verde e molhado da Galiza"(Eugénio de Andrade).

alecerosana disse...

«... gastei as palavras...gasto tudo menos o silêncio...»

Mas continuo a ler os que de algum modo me tocam. Vivo momentos de ansiedade e expectativa.
Um abraço

Amélia disse...

Tão pouco tonta esta cançãozinha tonta!!!-:))

zef disse...

...e, Alece, o silêncio é asa de palavras...
Que tudo lhe seja bom, como o azul do mar...
Um abraço

zef disse...

Também acho que não, Amélia...
Então, estar na almofada da mãe...

rendadebilros disse...

E eu encho-me de orgulho por ter a Soledade e o Zef na minha vida!
Então, o frio voltou?
Um abraço.

zef disse...

Renda, pela Soledade com toda a razão; por mim...embora indigno, fico contente!
Abraços

Jorge P. Guedes disse...

Lorca nunca morrerá! E como ele tantos outros que lutaram pela Liberdade.

Porque gosta de poesia, deixo-lhe um poema me foi há algum tempo enviado por uma amiga espanhola que escreve admiravelmente em português, um caso raríssimo e assinalável.


É do livro "SOLEDADES" (um dos primeiros de ANTONIO MACHADO)

Yo voy soñando caminos
de la tarde. ¡Las colinas
doradas, los verdes pinos,
las polvorientas encinas!...
¿Adónde el camino irá?
Yo voy cantando, viajero
a lo largo del sendero...
-la tarde cayendo está-.
"En el corazón tenía
la espina de una pasión;
logré arrancármela un día:
ya no siento el corazón"
Y todo el campo un momento
se queda, mudo y sombrío,
meditando. Suena el viento
en los álamos del río.
La tarde más se oscurece;
y el camino que serpea
y débilmente blanquea,
se enturbia y desaparece.
Mi cantar vuelve a plañir:
"Aguda espina dorada,
quién te pudiera sentir
en el corazón clavada."


Um abraço.

zef disse...

Jorge, obrigado pelo poema.

E aquele que diz assim:

La plaza tiene una torre,
la torre tiene un balcón,
el balcón tiene una dama,
...
Ha pasado un caballero
...

De cor, não sei mais!
Um abraço

Anónimo disse...

Eu vinha comentar o poema - porque Lorca é dos meus afectos - mas saio de mansinho, que a rendas e o zef fazem-me corar. Meus amigos, uma menina alegre e traquina de laçarotes, e um rapazinho disfarçado de sages - o melhor é eu ir dormir que se me entardeceu trabalhando e vsem dar por ela.
Boa noite a todos, nesta bela extensão de Pasárgada

zef disse...

Sem razão, sem razão, senhora...