
Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria –
por mais amarga.
(Eugénio de Andrade)
Jerónimo Vaía (n. 1620/30; m. 1688)
“…, gosto dos teus olhos e da maneira como andas” .
O papel não lhe chegou aos olhos (…a minha irmã mais velha ainda hoje diz que não foi ela – lá em casa dizia-se que eu ia para padre…) e deve ter sido bom.
Uma vez, olhei-a muito e disse-lhe pareces uma cigana.
Já sabia que não era só pelos olhos: era linda a andar e não soube dizer-lho.
Ela zangou-se e comecei a dar-me conta de que olhava para todos da mesma maneira.