27.11.08

da noite e da Luz




*
de noite o tempo divide-se
metade da alma é borboleta
e o resto não sabe ser a flor

nas veredas
os olhos perdem a flor-nome
fica muito pobre


*
A aurora é espelho de água

as flores sábias lençóis do orvalho
do dormir e acordar claro.

Bendito seja o sorriso largo
jardim nítido das nossas casas
flores e frutos de nome cheio.

17.11.08

Os gritos da criança no barulho dos carrinhos de choque:
- quero a minha mãe!

Ninguém falou, mas, devagarinho, muito devagar, pegam-na ao colo.
O miúdo aconchega-se e a mãe leva-o para casa. Já dorme.

Ia cansada, mas dos dois a maneira das mãos era muito bonita.

15.11.08

Conversitas


- Há luz nas hortas e as abelhas ainda cantam na tília.
Apetece-me: vamos passear a alma!
- E que fazemos do corpo?
- Mas alguma vez ficou para trás?

- A tília é sol mel sereno ainda.
Vamos pelos campos fora?
- É isso! Vamos pelo mel...
- E pelo chão de marcela...
- Com bocas de brilho e doçura nos olhos...