31.12.15


Não vamos dizer nada. O resto do dia será nítido,
palavra tranquila, irmã gémea do silêncio,
do tamanho da esperança. A que não sabe mentir.
Campo bem lavrado.

27.12.15

Bilhete-postal atoleimado e fora de estação

Andamos bem. Os skates esparramam-se nos half pipe.
Levamos as cores dos Leggings tribal e os desenhos.
Andamos que ninguém nos vê. Só nos olham.

Também não vemos ninguém. Não é preciso.
Devias ver as minhas sobrancelhas. Tapam-me os olhos.
Quando as conversas não interessam, abano-as como castanholas de som seco.

Aqui é tudo intrépido. Rapidinho. Não nos comprometemos. Nem com o vento.
Conhecemos os gestos necessários. Os que aproximam e os outros quando apetece e por pouco tempo.

Andamos a voar, sempre a voar
t-shirt cinza, Lightning Bolt, ténis que prolongam a nossa delgadez,
nuvens finas nos levam e estamos a gostar.






25.12.15

24.12.15

Somos como as palavras: carne e luz.
E silêncio.
Amanhecemos na mesma casa.

Baltar, 24/Dez/2015

15.12.15

ONDE VAIS ?

A primeira palavra que ouvi
na minha vida
foi "onde vais?"
Num aposento sentados
em sacos de milho
eu e a minha mãe.

Tinha apenas um ano
e não sabia ainda
o que eram as palavras
e onde me poderiam levar.

Tonino Guerra; Histórias para uma noite de calmaria
Tradução de Mário Rui de Oliveira - Assírio & Alvim