25.2.07















Os estorninhos põem o carvalho de luto. Mas é por pouco tempo. O sol bate-lhes de chapa e eles espalham-se no pinhal grande.

15.2.07

Canção Final

Aí vem a noite velhinha,
Erma sombra entrevadinha,
Mal pode andar, de cansada.

Já o dia se avizinha,
Já desponta a Madrugada…

E a noite, triste e sozinha,
Tão pálida e fatigada
Da sua longa jornada,
Deita-se e dorme…E a Alvorada
É o sono bom da Noitinha…

E a Noite dorme quentinha,
Na cama que lhe foi dada…

Dorme, dorme, sossegada,
Noite de Deus, sombra minha,
Que o teu sono é madrugada...

Ó erma noite velhinha
Dorme e sonha descansada…

Teixeira de Pascoaes, Senhora da Noite

14.2.07

Nas poucas vezes que se viam, um dizia sempre:
quando nos encontramos é sempre como na tão primeira vez que nos vimos.

13.2.07

Tenho tal medo das palavras dos homens.
Eles exprimem tudo com tanta clareza:
e isto chama-se cão e aquilo casa,
e aqui é o começo e acolá é o fim.

(Rilke, trad. de Paulo Quintela)

8.2.07

E olha o mar

Andava à procura de ritmos e sonoridades de sábia aferição e a perguntar-se se o que dizia era coisa para ser vista, quando vozes começaram a dizer-lhe: não sejas parvo procura é não te fazeres perguntas dessas e olha o mar cada um diz dele o que lhe apetece e nem isso o leva a querer ser bonito feio bravo morte sonho criança bandido amor raiva nem a medir o tamanho das ondas e se queres mais sê é verdadeiro.

6.2.07

A casa














Construí a casa sobre um chão de angústia
mas fi-la de modo a caber lá eu
e tudo que trouxer de fora o coração

(António Rebordão Navarro)

4.2.07














Quando a geada carrega, não é fácil saber-se se devemos proteger, das plantas, as folhas, se as raízes.

1.2.07

Outrora e Hoje

Meu dia outrora principiava alegre;
No entanto, à noite eu chorava.
Hoje, mais velho,
Nascem-me em dúvida os dias, mas
Findam sagrada, serenamente.

(Hölderlin, em trad. de M. Bandeira)