Uma manhã de junho, quando ainda é cedo para acordar
mas demasiado tarde para voltar a pegar no sono.
Embrenho-me pelo arvoredo repleto de recordações
e elas seguem-me com os seus olhares.
Autênticos camaleões, elas não se mostram,
diluem-se literalmente no cenário.
E embora o gorgeio dos pássaros seja ensurdecedor,
estão tão perto de mim que ouço como respiram.
Tomas Tranströmer, 50 Poemas; tradução de Alexandre Pastor; Relógio D'Água,
23.10.13
22.10.13
São nómadas e param na meia encosta.
Levam o pavor das terras inundadas e as bagas dos montes não lhes enfeitam os cabelos.
O mar longe põe-lhes a alma mais negra, e os nevoeiros tapam o alto da montanha;
nenhuma pomba aparece com o raminho de oliveira.
Mas olham-se uns aos outros, ouvem como respiram
e entendem que estar triste é tão bom como a alegria das águas abundantes.
Levam o pavor das terras inundadas e as bagas dos montes não lhes enfeitam os cabelos.
O mar longe põe-lhes a alma mais negra, e os nevoeiros tapam o alto da montanha;
nenhuma pomba aparece com o raminho de oliveira.
Mas olham-se uns aos outros, ouvem como respiram
e entendem que estar triste é tão bom como a alegria das águas abundantes.
(Nota necessária: hoje, ao abrir o livro que tinha à mão, hábito
velho, reli o poema “As recordações olham para mim“ de Tomas Tranströmer. É bem
possível que este meu texto seja seu devedor, dado que sei que o livro andou
comigo nos finais de Setembro. Colmeal da Torre,
23/Out/13)
7.10.13
Uma palavra e algumas variações
Morrer em céu aberto
Os cisnes andavam para nascente
olhos presos nas margens
a água descia
porca
pedi aos céus nuvens lavadas
luzes de adormecer
divã de algas até ao mar
e desenhei o tempo
como as crianças sonham as flores.
Termas, 5/Outubro/2013
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