30.4.08

Et un Sourire



La nuit n'est jamais complète
Il y a toujours puisque je le dis
Puisque je l'affirme
Au bout du chagrin une fenêtre ouverte

Une fenêtre éclairée
Il y a toujours un rêve qui veille
Désir à combler faim à satisfaire
Un coeur généreux
Une main tendue une main ouverte
Des yeux attentifs
Une vie la vie à se partager.

(Paul Éluard)

25.4.08



Ponho aqui este poema no dia Vinte e Cinco de Abril de 2008

20.4.08

Girassol


O casulo da larva recebe a morrinha e o sol em silêncio igual. Vai ser voo e cor, visita da luz e das flores.

O coração conhece os cheiros e as cores e não se perde nos caminhos.

Aquele que acredita no girassol não meditará dentro de casa.
(René Char)

Assim de madrugada, noite já cor de borboleta, sê casulo ainda que de borboleta nocturna e só de uma manhã.

16.4.08

A Anunciação

Virgem! filha minha
De onde vens assim
Tão suja de terra
Cheirando a jasmim
A saia com mancha
De flor carmesim
E os brincos da orelha
Fazendo tlimtlim?

Minha mãe querida
Venho do jardim
Onde a olhar o céu
Fui, adormeci.
Quando despertei
Cheirava a jasmim
Que um anjo esfolhava
Por cima de mim...

(Vinícius de Moraes)

12.4.08

- Rosabianca, afinal não tens os cabelos verdes!
- Verdes?
- Sim. Eu pensava…Pelo menos não podia pensar que não tivesses…E que não tivesses sido salva, por mim, do fogo!
- Do fogo?
- Sim. Porque te admiras? Do fogo. E nunca foste enfermeira.
- Enfermeira?

Encostados a uma grade, viam quase sem ver Florença lá em baixo.

- Porque perguntas? Não posso gostar de ti, Rosabianca! Pensei que tinhas os cabelos verdes e que te salvava do fogo…Mas nada disso sucedeu.

Rosabianca apertou-lhe o braço com força.

- Giovanni! Se queres, pinto de verde os cabelos, subo para um quarto andar e deito-lhe fogo. Salvas-me?
- E fico ferido? Serás a minha enfermeira?
- Sim, se queres serei a tua enfermeira.
- Está bem, Rosabianca. Sobe lá para o telhado, que eu vou deitar fogo à casa.

(Augusto Abelaira; A Cidade das Flores - vigésimo nono quadro)

3.4.08

Cartas da tarde



Horas lisas de luz baça, imperturbável.
Passaram os ruídos do costume: as latas na carrinha do trolha, o camião do lixo, o padeiro.
Mal abanaram o ar calado, salto de rã na água quieta.



O sol demora e o dia já não vai pequeno. Esta coisa luz cinzenta morna cola-se dentro da gente.



É preciso escolher os gestos, que as palavras também podem ser mudas. Para que a tarde não doa,
amemos o riso, os olhos, as mãos e os passeios no regresso dos rebanhos prenhe de manhãs.