31.5.10

O vento
a modelar a seara

o cheiro do vinho novo
na hora do descanso

Corpo bonito.

25.5.10

As Poupanças

Na realidade enganaste-me,
depositei o meu amor em ti
como numa caixa forte,
e que aí estaria sempre, dizias,
até que viesse buscá-lo.

Faliste, involuntariamente, é certo
(amor e morte são tão involuntários!)
não há ninguém no teu escritório e levaste
todas as minhas poupanças deixando-me as tuas.
Não sei que fazer com elas, é o que é,
nem com toda essa fé que tinhas no mundo.

(Jordi Virallonga; Quanto sei de mim - Tradução de Carlos Veiga Ferreira; teorema)

20.5.10

Não receies a aspereza das espigas.
O imigrante
não o afligem as línguas bárbaras
dos seareiros
e dança a música dos ventos.

Como o mar bravo:
a praia fica bêbeda
de espuma.

E o tempo:
a tarde vai linda,
limpou-a a trovoada.

As espigas são flores escondidas
mulheres grávidas de pão.

17.5.10

Levas a leviandade de quem caminha em chão maduro.
Atiro-te sementes de pássaro, ó coisa distraída.