20.8.11

Ulisses


"Passámos por essas árvores: tu disseste-me os nomes
e explicaste como era cada uma."
(Odisseia, XXIV, 338-339; trad. de Frederico Lourenço)

Siga Ulisses em nau fina  e veloz,
por marés e ventos certeiros,
não por Penélope: ainda pode sonhar
e tem muitas noites para tecer.


Por Laertes: o filho lhe demora
e é frágil o tempo das palavras que lhes faltam.
E pelo nome das árvores
de quando adormecia devagarinho.



4.8.11

Nausícaa

(Nausícaa; Frederick Leighton)


"Assim falou; e foi sentar-se na lareira, no meio das cinzas,
junto ao fogo. E todos permaneceram em silêncio."


(Odisseia; VII, 154-155; trad. de Frederico Lourenço)


O divino Ulisses abraçou os joelhos de Arete e soltou as palavras que trazia ensaiadas: ardia-lhe no peito a fome do regresso, e foi sábio a pedir e nos gestos.
De Nausícaa a capa cobria-lhe o sofrimento, e não era do que sua mãe imaginara.

"Vai agora, ó estrangeiro: a cama está feita."

Ulisses adormeceu, mais distraído que cansado.

Nausícaa, erguida à aurora de lindos dedos, lira de límpido som, vai voltar à praia pelo lume da alegria.

(Siga Ulisses para a cidade que o espera, de muitos fingimentos também, onde tecer e destecer é trabalho que mata o tempo, e outros matadores são precisos.)

Nausícaa, perto do meio dia, vai regressar, corpo de música lavada, na companhia merecida.
E o pai benevolente há-de sorrir a dizer:
a nossa filha traz o que escolheu; não foram os deuses a conduzi-la.

E todos irão dormir nos leitos que prepararam.

(Nota: não consigo dar ao texto o arrumo que quero)