21.12.13

O tesouro é então a magnólia segredada entre nós dois
É o canto que circula entre os lábios, a seiva
Entre o nosso cérebro e o seu próprio coração.
O coração do poema é a magnólia ao vento. Abro
Os braços, as veias, e digo
Tu que te abrigas fora de casa. E a minha promessa
É esta - que de pedra existe
Junto da magnólia permanece
Mesmo quando a sombra
Seca. E o pássaro parte. E a flor
Depois das chuvas não vem.

Daniel Faria; Poesia; Quasi Edições, 2003 (pág. 332)

16.12.13

O monge espalhava nos claustros sementes à espera dos pardais.
Disse-me que, até a rezar muito antes de nascer o sol, metia no peito o gozo das magnólias à vista dos pássaros que aparecem às primeiras luzes. E que até o chão parecia ter bocados de música. E era por isso que gostava do silêncio. Encontrava lá a fieira das palavras.

Também, se dava conta do vento fino entre as outras plantas, dizia:
fala baixo; as palavras querem-se pequenas, música de passarinhos.

13.12.13

André Derain

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