30.7.12

(Childe Hassam)
Passar o fim da tarde na praia sozinha, escondida nas arribas
meditar coisas pequenas, do tamanho da espuma a descer na areia
recolher do mar a música antiga.

Subir até ao sítio dos pinheiros, torcidos mas de boa vista
ver o fim do mar afogado na neblina
ver o sol a ir embora.

Contemplar da luz e da música as cores que trazem.

Boa noite.

27.7.12

(Edward Potthast)

Homem feito,
és menino a brincar na areia,
criança a dizer a idade com os dedos.
Tempo bem medido é o teu.

O tempo é sagrado. Passa por ele com simplicidade.

22.7.12

Sei que me basta estar entre aqueles de quem gosto,
Que estar pela noite na sua companhia me basta,
Que me basta estar rodeado da bela, curiosa, sorridente carne que respira,
Pois o que é estar entre eles, tocá-los, descansar levemente o meu braço à volta do pescoço dela ou dele?
Não peço outro contentamento, nele nado como num mar.
Há qualquer coisa no facto de se estar junto a homens e mulheres e obsevá-los, no contacto e no cheiro deles que tanto agrada à alma,
Todas as coisas agradam à alma, mas estas agradam-lhe mais.

Walt Whitman; Folhas de Erva  - Selecção e tradução de José Agostinho Baptista; Assírio & Alvim.

7.7.12

Nas tardes lerdas cais de palavras salobras,
vamos por lugares serenos abrigo limpo.
Mar lavado,

entramos na noite,
o coração a bater devagarinho.
Tudo completo,

assim se aquietam as aves,
meu amor.