20.9.16

Deixei-me achar por quem não me buscou
(Livro do Profeta Isaías, 65, 1)

As coisas que o caminhante vai ouvindo
na colina a mirar-se no regato
nos muros musgosos de quando era pequeno
do sossego da aldeia cheia de murmúrios

o silêncio seu companheiro muito tempo
afinou-lhe o ouvido e o olhar

a mãe que o gerou era quem o iluminara
e era o silêncio que o tinha conduzido
o que sabe o princípio e o fim das pessoas
e distingue as cores e os sentidos

as coisas que foi ouvindo nas viagens
os murmúrios da sua aldeia
pacificam-lhe as entranhas.
Mas ainda não sabe onde passar a noite.

3 comentários:

Soledade disse...

Que hei-de dizer? É um encantamento de poema :-)

zef disse...

:)
Boa noite, senhora mana.

manel neto disse...

É um sibilante silêncio, o teu, em que nos refugiamos do vazio ruído que nos oprime...