28.2.09
O rio que corre à frente da minha casa é alegre.
A gente da minha rua diz que o rio é alegre
E eu digo com eles "o rio é alegre".
Há quem murmure fórmulas.
Outros cumprem deveres bizarros.
Vencido, o mundo jaz aos seus pés.
Mas a gente da minha rua não vê as coisas assim.
Olha, diz, o rio é alegre,
E eu, é verdade, digo com eles "o rio é alegre".
Quão lento, quão lento é o tempo!
Coisa que não pára de me causar espanto.
Entretanto, o rio corre,
O rio corre, sem perguntas
E sem as grandes ideias da rua.
Nem recordação nem ilusão provocam qualquer mudança no correr do rio.
E, ora, se uma vez ou outra por ventura não correr assim,
Que lhe seja perdoado.
(Arjen Duinker, A canção sublime de um talvez; Selecção e tradução de Arie Pos - teorema)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Não conhecia o poema nem o poeta - por isso ganhei este sábado. Mas estes versos são assim uma espécie de anti-Caeiro, não é?
Abraço
Amélia
Logo que vi este poema, lembrei-me de si.
Beijos
Uma pessoa está sempre a aprender e a descobrir... Obrigada.
Abraço.
Boa noite Renda.
Também gostei mesmo do poema.
Um abraço
Enviar um comentário