2.6.09

(Fotografia de Fernanda - http://matebarco.multiply.com/)

O monge que conheci tinha:
uma horta
uma tigela
um livro de versos

e uma flor.

Um dia, tiraram-lhe a flor:
a horta secou-se
e a tigela ficou bebedoiro de pardais.

O monge está no céu:
agora
põe um verso nalgumas manhãs

flor nossa de cada dia.

8 comentários:

Amélia disse...

Gostei muitíssimo e creio ter entendido.Um beijo

zef disse...

E, pelo que sei, Amélia, entendeu bem...
Beijos

fernanda sal m. disse...

Metáforas sublimes postas na fala da romãzeira lembram-nos, algumas manhãs, que a beleza das coisas simples é o bálsamo mais perene para angústias desnecessárias. Zef, obrigada !

Anónimo disse...

Não sei se entendi mas gostei muito e se os pardais ganharam um bebedoiro e nós uma flor-verso nalgumas manhãs, bom...
(que branco tão inocente no verde da Fernanda!)
Olá Zef
ana assunção

fernanda sal m. disse...

Oh, Ana ?! O branco inocente no verde da Fernanda ?! Oh minha amiga, que metáfora também é essa ?? Achei graça a essa sua expressão! Sabe que, essa inocente, encontrei-a ( ou encontrou-me ela...) nos jardins do Monte das Bem-Aventuranças, em Israel, e dei-lhe o título de "bem-aventurados os simples". e ofereci-a ao nosso Amigo Zef.
Beijinhos para si, Ana !

Aires Montenegro disse...

Quiseram que eu tivesse sido monge.
Tenho uma horta.
Tenho tigela.
Tenho livros de versos.
Tenho flores.
Ninguém me tirou nada.
Problema: agora ninguém me quer nada!
Solução (início da...) Também principio a não querer nada de ninguém.

tsiwari disse...

A tigela ficou bebedoiro de pardais - que destino tão sublime!

Nem, sequer, superado pelo monge que espalha poesia...


Lindo escrito.

Abç a ti, monge, que espalhas beleza(s).

zef disse...

Fernanda, hesitava em pôr aqui este texto e a sua oferta veio mesmo a calhar: atrevi-me,
com a companhia que me fez a Fernanda e aquele "branco inocente".
Obrigado.
Um abraço.


Ana, os pardais ganharam o que ganharam e, se outras coisas se ganharam, bom…
Olá Ana, pois então.


Aires, então já não te falta nada…

Tsiwari, bem hajas pelo que dizes, sobretudo por me chamares monge...
Campónio e monge, já não me falta quase nada...
Um abraço