6.3.13

Afasta de mim o pecado da infelicidade
Manuel António Pina, O Caminho de Casa, 1989; poema Completas


Nos dias frios a solidão era mais cega.

Levantava-se e ia por gravetos e pelos cavacos de arder muito tempo e sentava-se a dormitar.
Sonhava, de pequeno, as mãos bonitas da mãe. O coração batia-lhe forte:
era grande, havia sempre sol e dormia sonhos soltos, largos.

À noite, dava mais um jeito à lareira e rezava como em criança ao colo do pai, a mãe a desenhar-lhe gestos macios na cara já quentinha.

6 comentários:

Soledade disse...

Também das malhas da memória fazemos o agasalho e a lenha do nosso lume. Boas memórias, Zef, boas de se terem e boas de serem partilhadas.
Um beijinho

zef disse...

Verdade, Soledade, às vezes fica-se assim, como a juntar “tudo quanto a clara aurora dispersou”.
Beijinhos - hoje de perto da sua terra "Bendita" :)

Anónimo disse...

"Havia sempre sol" e parei aí. Já me bastava.

Um beijinho,

Lis

zef disse...

Obrigado, Lis.
Também experimentei. Cortei o resto do texto, deixei e hoje vim olhá-lo.
Ficou mais menino. Ficou bem.
Beijinhos

Anónimo disse...


Abraço, Zef!
alece

Zef disse...

Um abraço, Alece,
Fim de semana bom, tranquilo.