O eremita meditava
no fim da tarde, as ervas a entrarem-lhe no peito. O tempo era tranquilo e o
chão grande. E, porque nas palavras de todos os dias era sempre cuidadoso e
pequeno, às vezes, antes de adormecer, imaginava-se a pensar as coisas simples com
muitas palavras. Assim: “o céu está calmo e ajuda as raposas a procurar o sítio
do descanso, e eu tenho musgo e uma pedra para repousar o coração. Os pássaros
sabem onde dormir. Durmo como os pássaros.”
Sabia que isso era
modo comprido, envergonhado, e simples, de dizer “boa noite”.
Ficava menos sozinho.
Fazia-lhe bem jogar
com palavras como crianças a fazer desenhos no céu.
Batalha, 27/Jan/2020
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