29.1.20




O eremita meditava no fim da tarde, as ervas a entrarem-lhe no peito. O tempo era tranquilo e o chão grande. E, porque nas palavras de todos os dias era sempre cuidadoso e pequeno, às vezes, antes de adormecer, imaginava-se a pensar as coisas simples com muitas palavras. Assim: “o céu está calmo e ajuda as raposas a procurar o sítio do descanso, e eu tenho musgo e uma pedra para repousar o coração. Os pássaros sabem onde dormir. Durmo como os pássaros.”

Sabia que isso era modo comprido, envergonhado, e simples, de dizer “boa noite”.
Ficava menos sozinho.

Fazia-lhe bem jogar com palavras como crianças a fazer desenhos no céu.

Batalha, 27/Jan/2020

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