19.7.07

Escrevo

Escrevo já com a noite
em casa. Escrevo
sobre a manhã em que escutava
o rumor da cal e do lume,
e eras tu somente
a dizer o meu nome.
Escrevo para levar à boca
o sabor da primeira
boca que beijei a tremer.
Escrevo para subir
às fontes.
E voltar a nascer.

Eugénio de Andrade, Os Sulcos da Sede.

9 comentários:

Lis disse...

No fundo, para ser.

Está reposto. :-)

Anónimo disse...

Estava a pensar pôr este poema do Eugénio no meu pedaçito...amuei :))
Estou a brincar consigo, Zef e brincar é bom, acho!
Andamos pelas mesmas fontes.
Beijos
ana assunção

Amélia disse...

Pois é:
«Faire rire, c'est faire oublier. Quel bienfaiteur sur la terre, qu'un distributeur d'oubli !»-Victor Hugo

zef disse...

Lis, voltando a nascer...
...E fez muito bem!

zef disse...

Ana e Amélia, e não é bom encontrar nascentes do riso para que sejam muitos os Afluentes? Os do silêncio semente da palavra, e os da palavra que alimenta silêncios?
Beijos

Meg disse...

Zef, o Eugénio de Andrade é também um amigo de longa data. Amigo e companheiro de cumplicidades, de dores e desânimos, mas também de momentos de grande ternura.
Onde quer que o encontre, ele está bem.
Um abraço

zef disse...

Meg, é como a música que nos anda no corpo.
"Onde quer que o encontre, ele está bem". Gosto.
Um abraço

Anónimo disse...

Aqui está a escrita como resgate da totalidade. Também tenho este poema lá nas fundações do Nocturno. Falamos a mesma língua, o Eugénio e nós, os que aqui nos juntamos em torno da bela romãzeira.

zef disse...

E é bom, Soledade.
Beijos