18.7.07

O poeta pede pão


um pão que saiba a pão,
se a alegria não sabe,
um pão que saiba a sol
e ao mar do sal.

um pão que saiba a chão,
se a amor não sabe,
um pão que saiba a seiva
e a lábio de mulher.

um pão que saiba à mão
de quem o faz.
um pão que saiba,
mesmo que pouco, a paz.

António Rebordão Navarro, Longínquas Romãs e alguns animais humildes - Selecção e prefácio de Francisco Duarte Mangas - ASA

3 comentários:

rendadebilros disse...

E maior sabor tem este poema, quando as frutas e os legumes dos Super e Hiper não sabem muitas vezes a nada ... precisamos de descer à terra para encontrar o sabor dos pêssegos, dos figos, do feijão verde... e compreender!
Um abraço.

Meg disse...

Palavras sábias e sábias entrelinhas.
Um abraço

zef disse...

Renda e Meg, é o sabor primeiro que nos acordou que pode dar a paz.
Abraços