2.10.08

FIDELIDADE


Diz-me devagar coisa nenhuma, assim
como a só presença com que me perdoas
esta fidelidade ao meu destino.
Quanto assim não digas é por mim
que o dizes. E os destinos vivem-se
como outra vida. Ou como solidão.
E quem lá entra? E quem lá pode estar
mais que o momento de estar só consigo?

Diz-me assim devagar coisa nenhuma:
o que à morte se diria, se ela ouvisse,
ou se diria aos mortos, se voltassem.

(Jorge de Sena)

3 comentários:

Anónimo disse...

Dizer coisas nenhumas tornam vidas em coisas algumas. Já acompanhar o destino é demais!

Um beijo,

Lis

zef disse...

OláLis
Então, digamos "coisas nehumas".
:-)
Quanto ao destino, dou outra leitura, até por me ter lembrado o poema "Allégeance" (Fureur et Mystère) de René Char, que, em tempos, me fez muita confusão.
Beijos

Anónimo disse...

OláZEF
Lido o poema (maravilhoso!) de René Char, vejo este de outra forma sim.
É a entrega perfeita. « A son insu, ma solitude est son trésor». É tão bonito que até doi.


Obrigada por me ter mostrado outros caminhos.

Beijinho, Lis