27.10.09

Cântico


1.

Aurora

dedos de rosa vem ligeira pelos montes

e traz lençóis de linho limpo.



2.

Luz esplêndida

a dos olhos da espera



3.

Vinha pelos cedros e pelo orvalho na cidreira, erva-doce e hortelã-pimenta e lembrava-se de quem cheirava àquela resina e a boca era de hortelã fresca e de frutos deliciosos e de música dos cânticos mais bonitos

corça morena a arfar na montanha alta por ventos propícios

e adormecia ao relento até chegar a aurora do linho macio.



4.

Um passinho mais

e morro no teu corpo

montanha suave

toquinha de raposa.

7 comentários:

Amélia disse...

Que belo ! - ressonâncias também do Cântico dos Cânticos?

Meg disse...

Zef,

E assim me apetece ficar aqui a ler-te, levitando na beleza das tuas palavras. Delícias.

Um beijo

rendadebilros disse...

Uma morte para viver de novo!!!...
Abraço.

Anónimo disse...

A voz da romãzeira tem um jeitinho tão seu para levar o caminho...
:) gostei, claro!
Beijos aos daí.
ana assunção

zef disse...

Amélia, penso que sim, e muito próximas...


Meg, e que tempo deixei passar...


Renda, é a maneira linda de morrer...


Ana, bons mestres vai tendo tido a romãzeira...
:)


Beijinhos

Anónimo disse...

Visitei a tua aurora vezes sem conta. Gosto da tua aurora, envolta em lençol de linho, que, além de limpo, é macio. Extasio-me… E chega aos meus ouvidos a melodia do amor que se esparge no Mais Belo dos Cânticos, que só podia ser de amor.
E como é bom descobrir uma enseada, propiciadora de grande quietude no meio da borrasca da vida… Que também a raposa tem a sua toca.

zef disse...

Viva, Camilo.
Quase três anos...Obrigado pelas visitas e também por estas palavras.
Olha, a quietude precisa de bom exercício. Tenho para mim que que nos exercitámos...Há que tempos!
Um abraço