7.3.12

No regresso à casa, sento-me na soleira, viajante duvidoso;
quero entrar despojado, até do vento e das palavras que lhe emprestei,
e fazer a conta ao que ainda pesa.
Trago bagagem a mais, mas alguma coisa preciso levar e leve tem de ser.
Palavras, poucas, que sou filho do silêncio da casa que me chama.
Alforge, há muito o larguei. Mas muito sujo se colou na pele, palavras inúteis.

Menino de escola, safo as letras a mais.
Limpo os olhos, que neles trago a bagagem essencial, peregrino de muito pó.
Liberto me exijo, que a espera é como as águas maternas, singelas e disponíveis,
vida e a morte, irmãs gémeas sempre juntas.

Na hora do silêncio maior, o da mesa posta, lareira acesa, vou entrar.
Ligeiros estarão os olhares: muitas águas os lavaram.

E, menino de escola, levo a flor que aprendi nos caminhos.

6 comentários:

Amélia disse...

Já dei a minha opinião sobre este texto tão bonito!Beijos

zef disse...

Verdade, Amélia, e por isso me decidi a pôr isto aqui...
Beijos

alecerosana disse...

E decidiu bem, Zef! A poesia não alimenta apenas a alma, os olhos ficam mais claros e os passos mais leves.
Abraço.

zef disse...

E os olhos e os passos ficam mais atentos, por causa da leveza; e percebem-se melhor as coisas.
Um abraço, Alece

rendadebilros disse...

Nem sei que diga: maravilhoso é pouco... Abraço.

zef disse...

Obrigado, Renda, com pedido de perdões por tamanha demora.
Um abraço