25.2.20



“A rosa é sem porquê” *

Sorria ao pensar na morte.

Às vezes, era visto a rezar como quem segura na mão uma flor em dia de vendaval.
As palavras não lhe fugiam, as dúvidas é que o atormentavam. Estava vestido de dúvidas. Os irmãos notavam. Olhavam-se e outras dúvidas os afligiam.
Aquele irmão sofria, isso percebiam, já tinham conversado. Do sofrimento do corpo.
Os outros sofrimentos eram sabidos. Alguns também eram de todos. Bem conhecidos e conversados.

O irmão olhava como quem não vê. Parecia ser arrastado. Como a flor a fugir com os ventos.

Numa manhã marcada para se encontrarem,  ao chegarem à porta da cabana do irmão, viram-no sentado na pedra de musgo. Os olhos estavam perdidos, mas o rosto sorria. Não respondeu aos cumprimentos da chegada.
E todos se lembraram de uma conversa que tiveram: “Deus é nosso irmão. Está connosco. Não gosta de nos ver a sofrer muito.

Todos deram graças.

 * Angelus Silesius

Colmeal da Torre, 25/Fev/20

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