28.6.08

na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.

(José Luís Peixoto; a criança em ruínas)

11 comentários:

Anónimo disse...

Olá, Companheiro:
Há sempre um lugar vago, não vazio, no coração puro de uma criança.
Está sempre de reserva para um amigo novo, porque elas, as crianças, ainda acreditam...
Que saudades que eu tenho desse lugar que eu tinha!!!!!!!!
Aquele ABRAÇO do
Cruzeiro

rendadebilros disse...

Como é tão verdade cada palavra... e ser irmã mais velha e ver chegar as outras duas manas e mais pratos chegarem à mesa é mesmo único... mesmo quando está cada uma na sua casa, aquela mesa ainda está sempre e cada vez mais cheia , agora com os netos... estão todos ainda e sei que é um privilégio ...
Grande abraço.

Lis disse...

OláZef. Também vale, certo?

Temos pratos no coração.

É uma «merdiola» quando os partimos!

Desculpe mas saiu...do coração.


Beijinho.

Amélia disse...

É belo, sim senhor.Gosto desse livro do Peixoto - mas não gosto muito de outras coisas que ele escreve. Beijo amigo
Já agora: o livro dele de que mais gpstei foi mesmo do 1º, «Morreste-me»...

Anónimo disse...

Zef

Gosto do José luís Peixoto, gosto das tuas escolhas, gosto que aqui estejas. Quantos somos? Uns quantos. Para já! E é uma alegria passar por aqui.

Beijinhos

fernanda sal m. disse...

Posso pôr o meu prato na sua mesa, Zef ?
Temos andado arredios, uns por um lado, outros por outros, mas vamos chegando e gostei de vos encontrar. Vou partir outra vez, só para um fim de semana longo, familiar na Cidade que já foi das Luzes. Voltarei breve e espero que tenha guardado o meu lugar à sua mesa...
Um abraço !

rendadebilros disse...

... acho que foi por causa dessas cantorias desafinadas que voltou o ar mais fresquito...
Abraço.

Meg disse...

Zef,

vim a correr dar-te um abraço e tu tens aqui este poema que nem precisa de comentário. É com saudades que te deixo sempre
mais um abraço

zef disse...

Companheiro, um abraço.
São também essas saudades que nos tornam o tempo mais duradoiro!

Renda, mesa cheia, simsinhora, de gente e de lembranças também!
Um abraço.

OláLis!
É mesmo uma "merdiola"(mesmo se juntamos os cacos!)
Beijinhos

Amélia e Sophiamar, é verdade que não gosto também de coisas dele. Mas o tempo já me dá para ir lendo de acordo com a música ou lágrima.

Tenha regressado bem, Fernanda. E sente-se à mesa!
Um abraço

Meg, muito atarefada?
Sempre bem aparecida.

Anónimo disse...

Mesa cheia...mesa vazia... quantas vezes cheia e tão vazia...

zef disse...

É verdade e, às vezes, demoramos tempo a perceber!
Boa tarde.