12.4.08

- Rosabianca, afinal não tens os cabelos verdes!
- Verdes?
- Sim. Eu pensava…Pelo menos não podia pensar que não tivesses…E que não tivesses sido salva, por mim, do fogo!
- Do fogo?
- Sim. Porque te admiras? Do fogo. E nunca foste enfermeira.
- Enfermeira?

Encostados a uma grade, viam quase sem ver Florença lá em baixo.

- Porque perguntas? Não posso gostar de ti, Rosabianca! Pensei que tinhas os cabelos verdes e que te salvava do fogo…Mas nada disso sucedeu.

Rosabianca apertou-lhe o braço com força.

- Giovanni! Se queres, pinto de verde os cabelos, subo para um quarto andar e deito-lhe fogo. Salvas-me?
- E fico ferido? Serás a minha enfermeira?
- Sim, se queres serei a tua enfermeira.
- Está bem, Rosabianca. Sobe lá para o telhado, que eu vou deitar fogo à casa.

(Augusto Abelaira; A Cidade das Flores - vigésimo nono quadro)

7 comentários:

rendadebilros disse...

Que loucura de amores!...
Bom domingo.

Lis disse...

Tenho de ler este livro! Mas a G. acabou de me dizer que não é grande coisa...Bem, de toda a maneira gostei deste bocadinho. Gostei, gostei.

Abraço,

Meg disse...

Pois é, Zef, Abelaira é um autor esquecido e "não divulgado"... tu aqui agora!
Tenho o livro e é mais um que vem em breve apanhar ar.

Um abraço

zef disse...

Renda, Lis, Meg
Continuo a gostar deste livro. Meti-o de novo debaixo do braço e vai voltar a andar por uns tempos comigo.
(Lis, lá terei de dizer à G. que não deve ter lido bem esta Cidade - de facto, já não é preciso inventar cenários, como esse de Florença; hoje podemos todos ser "fanéricos"...). E eu que pensava ter sido razoável "mestre"!...).

À margem: eu que sou de fidelidades absolutas "apaixono-me" sempre por aquela Rosabianca...
Beijos

Meg disse...

Zef,
Venho só informar que tenho LÁ um poeta que creio que já conhece.
Vai estar dois dias ou três.
Um abraço

zef disse...

Meg
Obrigado. Fui ver, mas ando com uma preguiça do tamanho...da morrinha que anda, agora, lá por fora, a chuva chatapequenacinzenta...
Abraços

alecerosana disse...

Li uma grande parte dos livros do Abelaira, cruzei-me com ele vezes sem conta.

Um abraço